segunda-feira, 19 de abril de 2010

Honra

Olá leitores! Hoje trago para vocês um texto curto e triste, mas que mesmo assim não deixa de ser belo, espero que gostem ^^


Honra

Ele estava ali repousando ao pé do velho carvalho. A cabeça recostada no tronco doía, pesava... Os olhos cansados fitando longemente o pôr-do-sol. O rosto tristonho salpicado pelo sangue do inimigo e o próprio mesclados com algumas poucas lágrimas reprimidas sem sucesso.
A cruz prensada contra seu peito pela pesada armadura ardia levemente assim como os pequenos cortes em seu braço. A respiração era lenta na mesma velocidade em que o sangue escorria do profundo ferimento em seu peito.
Junto a lâmina de sua espada ele refletia as imagens da batalha, os gritos encorajadores, os fortes golpes trocados incessantemente, a terra avermelhada absorvendo os corpos que ali pereciam a vários dias.
A arma em sua mão direita representando sua agressividade e persistência em frente ao adversário e o escudo em sua mão esquerda era como ele, resistente, impenetrável e corajoso, e ele se manteve assim até o ultimo segundo da batalha.
Já sabia o que o aguardava, mas não temia o fim. Lamentava ter que deixar todos, a esposa e os filhos que ainda o esperavam ansiosamente em casa, e o pai que esperava pacientemente pela volta do filho assim como esperava o fim de seus dias, e ele infelizmente iria deixá-los esperando pela eternidade, por conta daquela frágil flecha que repousava em seu colo.
Mas um sorriso surgiu em seu rosto, um sorriso de satisfação... Treinara intensamente por quinze longos anos, liberara até a última gota de suor nessa batalha, mas ele fora compensado com o prêmio mais gratificante, a vitória!
Um último suspiro profundo, um ultimo olhar ao pôr-do-sol. Uma folha desprendeu-se do carvalho e desceu lentamente como suas pálpebras; e um último gemido quase mudo disse adeus.

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