quinta-feira, 25 de julho de 2013

Chama interior

Hey! Hoje venho trazer um conto simples pra vocês, uma pequena comemoração do dia do escritor. Deliciem-se ;]

                                                     Chamas 
                                            


Havia um mundo não muito distante do nosso onde as pessoas alternavam para ter o prazer de colocar os pés no chão. Separadas por áreas e características, as vezes tinham os pés firmes no solo forte e vivo, porém todos davam essa chance a outros levitando até alguns centímetros do chão quando lhes  terminava a vez.
  
  Sábios seguidores da mãe Terra, seguiam esse costume por observá-la e ouvi-la, e assim perceber que era a maneira mais pacífica e sensata de se manter um equilíbrio saudável entre todas as coisas.
  
  Toda vez que seus pés tocavam o chão, tudo aquilo que construía sua essência passava a construir também o mundo ao seu redor. Grama verde, flores, árvores, animais e outros se formavam, de suas preferências, através de uma pura e prazerosa chama, que saindo pelos poros envolvia o corpo todo, variando a cor de indivíduo a indivíduo.
   
  Tranquila, mãe Terra ia mesclando as essências todas num conjunto complexo e único que costumava chamar de “diversidade”, assim conciliava a vontade de todos, para que pudessem ter seu espaço entre muitos outros espaços sem sair de sua harmonia.
  
  Um dia, porém, uma das pessoas elevou a própria chama acima do costume. Mãe Terra observou felicíssima o esforço do simples humano, sua contribuição era pura e muito visível através do expandir vivíssimo que seus pés produziam ao tocar o chão, num espetáculo de cores e sensações. Talvez por ser algo inédito, talvez por duvidar da reação, mas mãe Terra demorou a perceber que a reação de algumas pessoas não foi a mesma que a sua.
  
  Alguns indivíduos admiraram felizes, no entanto houve outros que tiveram uma reação muito diferente. Estes, estupefatos, se descontentaram com sua própria incapacidade de se elevar como tal e se rebelaram incomodamente. Seus poros, pelo desamor próprio, pararam de produzir suas próprias chamas de caráter único e aos poucos começaram a sugar as chamas daqueles que ainda as mantinham.
  
  Os que se flagelaram, começaram a produzir uma chama cinzenta e enferma, pois além de se nutrirem de algo diferente do próprio cerne, o faziam com conteúdo que não lhes era de direito. Cegos por orgulho, inveja e uma gama de outros desvalores egocentristas, Mal podiam ver a repercussão de suas chamas e o fato de que já não tiravam mais os pés do chão para dar lugar aos outros.
  
  Aos poucos aquele mundo colorido e vivo foi se tornando cinza e fraco. As plantas e animais foram sendo substituídas por formas grotescas, duras e ásperas, todas mecanizadas, agressivas e excepcionalmente sem cor. As pessoas que faziam brotar a própria chama foram ficando fracas e pouco a pouco começavam a sugar as chamas cinza, gerando chamas mais cinza. Aqui e ali, apenas, uma ou outra alma ainda se sustentava no próprio calor, a maioria fraca, bem raras as que seguiam fortes e firmes.
  
  Mãe Terra começou a adoecer e deprimir. Entrou então em contato com o universo, pedindo por ajuda. Este disse que enviaria a ela seres de chama boníssima e que logo chegariam de outros mundos em equilíbrio. Enquanto esperava, ela olhava para a própria superfície e lamentava as atitudes fracas e frias de seus filhos. Perguntou-se se os seres que chegariam seriam fortes para resgatar o equilíbrio saudável que uma vez houve ali.
  
  Como uma resposta para sua pergunta, viu se aproximando os tais que ajudariam os seres em desordem. Eram simplesmente fantásticos. Suas chamas eram de um tom azul índigo firme que brotavam de uma luz dourada e viva no centro de seus peitos. Seus olhares eram tranquilos e confiantes e esbanjavam carinho e união entre si, porém abertos para que outros também sentissem tal.
  
  Os filhos rebeldes da mãe Terra não tardaram a sugar as chamas desses seres, e rápido como absorveram, passaram a bloquear. As chamas azuis dos recém-chegados não agradaram os seres cinzentos, mas ao toque de seus pés no chão uma pequena explosão de diversidade e vida surgia firme.
  
  Aqueles que se mantinham firmes na própria chama sorriram ao ver que não estavam mais sozinhos, passaram a produzir chamas mais fortes e mais vivas e os seres cinzentos agora não conseguiam mais lhes alterar. O cinza foi dando lugar as cores todas e os seres que haviam sugado as chamas dos outros começaram a procurar mais uma vez a própria chama, num processo doloroso devido aos poros obstruídos pela chama cinzenta.
  
  Aos poucos, um a um eles iam encontrando suas chamas. Algumas pequenas e tímidas, outras fortes saiam quase que num rugido alegre. Aqueles que se demoraram com os pés no chão se elevaram e deram a chance a outros, que fizera igual ao seu turno, e a ordem foi se restabelecendo.
  
  O equilíbrio que se havia perdido, agora estava voltando. Diversidade e respeito já eram visíveis e os ambientes da mãe Terra já estavam se magnificando.
  
  Não só se restabeleceria toda a variabilidade de vida anterior, como também aumentariam todos os valores. Mãe Terra entrou em acordo com o universo, enviando seus seres cinzentos remanescentes para outros mundo onde aprenderiam a gerar suas chamas novamente.
  
  Mãe Terra seguiu então seus caminhos com seus habitantes em harmonia e paz, calmos e sábios novamente, aprendendo a dominar sua chama interior e relacioná-la com outras chamas.

Um comentário:

  1. Adorei o texto. Me identifiquei muito, afinal também estou aprendendo a dominar minha chama interior! =)
    Estou feliz que continua publicando mesmo que de vez em quando...

    ^_^

    Beijos <3

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