Definitivamente não somos. Liberte-se do clichê e mesmo que essa frase te revolte, só leia mais um pouco, talvez você concorde muito comigo.
Eu cresci num
contexto bacana de empatia onde sempre me foi encorajado a me colocar no lugar
das pessoas, e de vez em quando nestas práticas surgia está frase peculiar: somos
todos iguais.
Sempre acreditei
que a igualdade de direitos é algo necessário para sermos uma sociedade melhor,
mas a questão é que a maneira como isso é aplicado, a discrepância entre a
teoria e a prática me fizeram entender largamente o quanto não somos nenhum
pouco iguais.
Eu, por exemplo,
tive uma infância e adolescência regadas de muita depressão, obesidade, baixa
auto-estima e nos extremos até pensamentos suicidas. Enquanto isso,
compartilhando convivências comigo conheci pessoas cujo este contexto nunca foi
um problema, porém sofriam com baixa renda, moravam em lugares com alto risco
de violência e a crença popular de que eles não podiam conquistar as coisas em
que sempre me foi dito que eu poderia; além de várias outras pessoas que
enfrentaram diversos outros contextos em suas vidas também.
Com o tempo, eu e
essas outras pessoas aprendemos a lidar com os nossos problemas e conforme
superamos, independente de hoje sermos capazes de realizarmos as mesmas coisas,
nossas bagagens são diferentes! Absurdamente diferentes! São crenças,
sentimentos, linhas de raciocínio que são para mim o que não são para o joãozinho,
por exemplo, e vice-versa.
Não se deixe
levar pela falsa noção de que o fato de eu e o joãzinho termos entrado na mesma
faculdade e cursado o mesmo curso nós somos iguais, você está sendo superficial
e preconceituoso no sentido mais literal desta palavra. As ferramentas que
temos, herdadas das tristezas que sofremos e as alegrias que desfrutamos, são
diferentes pra cada um e nenhum de nós dois deve ser obrigado a abrir mão de si
para ser igual ao outro, muito pelo contrário.
Respeite as
cargas de cada um, os tesouros que cada pessoa carrega consigo. Ouça, converse,
valorize, pois sempre há um grande aprendizado com as experiências de cada um e
isso é algo bom que só é possível pois somos absurdamente diferentes um do
outro.
Não confunda a
capacidade de se colocar no lugar de alguém, com a igualdade de ontogenia de
cada um. Você pode até entender pela lógica os porquês que movem cada pessoa,
mas saber quão forte são os sentimentos e crenças que a regem está longe de ser
algo comum para nós humaninhos nos dias de hoje.
Hoje eu entendo
que a congruência de uma teoria ou lei pautada na igualdade só é possível se
esta igualdade for feita em cima das particularidades relativas de cada um, de
um contexto onde se compreende que mesmo quando os dados da folha de inscrição
do vestibular são iguais, os indivíduos são em muito diferentes.
Quem sabe você mesmo aí não está abrindo mão
de toda a sua carga pra tentar ser “mais um no mundo”?
Por isso digo,
fuja dos conceitos generalizadores, abrace a oportunidade de conhecer um mundo
diferente em cada pessoa que você conhece. Talvez te faça muito bem!
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